sábado, 14 de maio de 2011

Um artista completo: da poesia às grandes mídias

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Uma francesa abre a porta do apartamento no Leblon e pede que espere o marido que está no banho. Com brilhos nos olhos a ex-diretora da Elite Models de Nova York, a bonita loura Nathalie Bernier, conta que conheceu o ator, cantor, compositor, poeta e ex-participante do reality show da TV Record, A Fazenda, Igor Cotrim na festa da atriz e apresentadora Babi Xavier, rapidamente engataram um namoro e três dias depois já estavam morando juntos. Como diz Igor, rei dos trocadilhos, a francesa entrou na sua vida à francesa.

O paulista Igor, que veio para o Rio de Janeiro por causa da TV Globo, entra na sala com sua camisa com o número 22 remetendo à loucura, cabelos molhados e largo sorriso, recolhe o lixo, pega um cigarro, sem superstição mexe com sua gata preta e está pronto para a entrevista.

O ator, que interpretou de 1999 a 2003 o personagem badboy Boca de Lixeira no seriado juvenil Sandy e Junior, cresceu e hoje é um ator premiado no cinema. Ganhou prêmios de melhor ator no Festival de Cinema de Natal, Amazonas Film Festival e Fortaleza Especial do Júri IV For Rainbow pelo seu primeiro filme Elvis e Madona, de Marcelo Lafitte, em que interpreta um travesti que se apaixona por uma lésbica (personagem de Simone Spoladore). “Nada fica no lugar do ao vivo, mas o cinema eterniza”, diz o ator formado pela escola de arte dramática da USP.

No momento Cotrim se prepara para viver o cartunista Ota no documentário-ficção Ota the movie, de Tatiana Issa e Raphael Alvarez, diretores do premiado documentário Dzi Croquettes, e fazer o filme O Ermitão, de Jovany Sales Rey. As duas produções têm previsão de começar a serem gravadas em junho. Igor soube que Ota ia lançar um livro, Relatório Ota do Sexo, escreveu uma poesia para ele e acabou levando o papel. O mesmo aconteceu com Elvis e Madona, em que Igor escreveu um poema sobre travestis. Aliás, a música Reflexo, do filme Elvis e Madona, é de sua autoria.

Depois de gravar o filme, Igor se rendeu a proposta de participar da Fazenda 2. Ele, que se define como “Igorcêntrico”, diz, sem demagogia, que sim, a mídia é importante: “O artista precisa de alma, público. Mas temos que saber usar a mídia a favor disso.” O ator teve uma participação marcada por polêmicas, como quando reclamou do desperdício de comida no Ano Novo, chegando a chorar e dizer que não deveria estar lá, e as brigas quase diárias com o modelo Caco Ricci, sua maior desavença. Igor diz que quando saiu caiu o ibope e que pessoas da produção torciam por ele: “Meu aval da Fazenda foi da produção, eles sabiam de tudo o que está acontecendo. Quando saí a produção e o Brito Jr vieram falar comigo e elogiaram minha participação”, conta satisfeito. Ele entrou no reality para divulgar o filme Elvis e Madona, o livro de poesias Ali como lá e o grupo de rock com críticas sociais em tom de humor, Beep-Polares.

- Um dia o Igor precisou ir morar no meu apartamento por uns tempos, lá criamos um programa para TV que se chamava Beep-polares, onde poderíamos escoar nossa arte. Um dos blocos seria de música e começamos a compor juntos, mas fizemos tantas letras em tão pouco tempo que resolvemos montar a banda antes do programa e assim foi até hoje, conta Pedro Poeta, parceiro de banda de Igor.

A equipe acompanhou o show do grupo no Corujão da Poesia e viu um Igor ator-cantor, que faz graça no palco e provoca a plateia. Quando sai do palco dá um abraço apertado em quase todos os presentes e toma uma cerveja.

O vocalista da banda Detonautas, Tico Santa Cruz, é um grande amigo e admirador de Igor. Eles se conheceram há quatro anos no Corujão da Poesia, como o nome já aponta um sarau que acontece de madrugada, e logo depois formaram o grupo Voluntários da Pátria, em que tentam chamar a atenção da sociedade para a corrupção e violência no Brasil através de palestras e manifestações.

- Para mim, Igor é um dos poucos artistas completos nesse mar de pessoas conectadas muito mais com a fama que o trabalho pode gerar do que com a qualidade e a preocupação com a arte. Igor é reativo e ansioso, por isso talvez tenha encontrado nele uma mente genial, perturbada, porém extremamente talentosa, e apresenta um bom coração. Igor sempre me pareceu um ser humano de bom coração, elogia Tico.

Quem vê Igor não imagina que ele quase se enveredou por outro lado, chegou a cursar Escola Técnica Federal e pensou em ser engenheiro mecânico, por causa de negócios da família, mas no terceiro ano começou a fazer aulas de teatro gratuitas e largou tudo. Sua irmã gêmea Caroline sempre soube que tinha talento:

- Quando criança estudávamos criando músicas e rimas. O Igor gosta desde pequeno do ator Jack Nicholson e tinha uma pasta com recortes de todos os filmes dele. A gente brincava que ele sabia até o nome do mordomo do Jack, conta a especialista em quirópteros.

O pai, que é militar, não gostava da ideia de que seguisse carreira artística. “Uma vez achei uma foto do meu pai fantasiado e descobri que ele queria ser ator, então depois disso ele nunca mais abriu a boca”, ri Igor.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

FESTIVAL DO RIO

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Aos meus leitores peço desculpas por não ter postado antes minha visão sobre os vencedores do Festival do Rio. Para me redimir volto a escrever falando sobre o grande campeão da Premiére: Vips, de Toniko Mello. O filme ganhou o Trofeu Redentor de Melhor Longa-Metragem, melhor ator e atriz coadjuvante para Jorge D'Elia e Gisele Fróes, que foi a mãe do protagonista, e também foi premiada a excelente atuação de Wagner Moura, que ganhou o trofeu como melhor ator, mas isso é outra história...

VIPS

Quando lemos a palavra "vips" nos vem a mente celebridades, pessoas da alta sociedade, que tem acesso irrestrito a qualquer lugar e que todos querem estar perto. O personagem vivivo por Wagner Moura, Marcelo Nascimento (não é o capitão hein), estava longe de ser uma pessoa considerada "vip".
O mentiroso compulsivo fingiu ser muita gente, e isso aconteceu de verdade, é, a história é real. As pequenas mentiras se tornaram grandes mentiras, era, ou melhor é, o dom de Marcelo. Foi desde dono da Gol até líder do PCC na cadeia, se arriscou, sem dúvida, mas conseguiu o que queria: pilotou um helicóptero, se envolveu com belas mulheres, ficou amigo de gente importante e acabou com uma rebelião.
Wagner convence pelo olhar. Não conseguimos ficar irritados com as mentiras do protagonista, vemos inocência nele, vemos que ele acredita em suas mentiras. O filme muitas vez é engraçado, os pontos altos são quando o chefe de Marcelo diz que odeia armas e tem várias na parede, outro ponto do filme que o publico se diverte é na entrevista do personagem a Amaury Jr, que o trata como um amigo, pensando que é o dono da Gol Constantino.
Marcelo rendeu reportagens, o livro que inspirou o filme, Vips- Histórias reais de um mentiroso, de Mariana Caltabiano, um documentário de mesmo nome e essa ficção. Mas continua na cadeia, talvez mentindo, talvez falando a verdade, mas ninguém dá crédito...

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

De braços abertos para a prevenção do Cancer de Mama

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Uma das sete maravilhas do mundo moderno, o Cristo Redentor recebeu na noite da última terça-feira, 5 de outubro, um novo colorido. Durante dois dias, o monumento ficará rosa, em apoio à campanha de prevenção ao câncer de mama. Na edição 2010 do Outubro Rosa, o projeto quer chamar a atenção para os investimentos na área da saúde. Essa é uma iniciativa da Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama, a FEMAMA — associação civil presente na maioria dos estados brasileiros, que luta pela promoção da consciência do diagnóstico precoce nos casos de câncer de mama. Se descoberto cedo, as chances de cura são de 95%. Do ponto de vista financeiro, o câncer é a doença mais cara e seu índice de mortalidade supera o da AIDS, tuberculose e malaria juntas. A tendência é que o número de pessoas que sofrem com a enfermidade triplique até 2030.

Conhecido por iluminar monumentos em todo o mundo, essa é a terceira vez que o Outubro Rosa chega ao alto do Corcovado. O lançamento do projeto começou pela manhã, em uma coletiva de imprensa no Copacabana Palace.

Antes da subida para o Cristo Redentor, um coquetel foi servido aos convidados. O reitor do Santuário, Padre Omar Raposo, recebeu os presentes na Capela Nossa Senhora Aparecida, aos pés do Redentor. A Presidente da FEMAMA, Doutora Maira Caleffi, a estilista e madrinha de honra da iniciativa Ser – projeto latino-americano que difunde mensagens de esperança às mulheres com câncer- Carolina Herrera, a gerente-geral do Copacabana Palace e vencedora na luta contra o câncer de mama, Andréa Natal e a vice-presidente de Programas Regionais da American Câncer Society- ONG engajada na luta pelo aumento do diagnóstico precoce do câncer de mama, Alessandra Durstine, participaram da oração, na Capela, ministrada pelo Padre.

Em entrevista exclusiva ao Portal da Arquidiocese, Maira Caleffi acredita que iluminar o Cristo traz maior visibilidade para a causa, graças à grandeza e ecumenismo do monumento.

- A parceria com a Arquidiocese do Rio de Janeiro foi fantástica. O Cristo é realmente o nosso cartão postal. E iluminá-lo faz com que as pessoas tenham uma dimensão do problema. Traz esperanças para as mulheres, porque ver o Cristo iluminado significa que Ele está olhando por elas, disse a presidente da FEMAMA, completando que pretende lançar sempre o Outubro Rosa no Cristo Redentor.

Antes de ser acesa a iluminação, Padre Omar Raposo abençoou os presentes e pediu que o Outubro Rosa sirva de exemplo no apoio a outras iniciativas sociais.


- Invocamos a benção de Deus sobre todos, e pedimos que fortaleça cada vez mais na esperança, na fé e no louvor, para que possamos, a partir dessa campanha aqui no Cristo, estar cada vez mais sensíveis para tantas outras boas causas que nos incentivam a cuidar da saúde, desejou o Sacerdote.

Na noite de ontem, além do Cristo Redentor, o projeto Outubro Rosa iluminou também as fachadas do Shopping Leblon e do Hotel Copacabana Palace.

FEMAMA


Fundada em julho de 2006, a FEMAMA não tem fins lucrativos e busca reduzir os índices de mortalidade do câncer de mama no Brasil através do diagnóstico precoce. O lema da campanha 2010 é “Sem investimento, o câncer de mama não tem tratamento”. Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer, 45,3% dos casos da doença são descobertos em estágio avançado e os principais responsáveis são a falta de indicação médica, falta de hábito e cuidado com a saúde, além da dificuldade em marcar uma consulta.

A mortalidade do câncer de mama vem baixando na Europa, mas essa ainda não é a realidade no Brasil. O País tem cerca de 50 mil novos casos de câncer de mama por ano. A cada 11 minutos, uma pessoa recebe o diagnóstico positivo da doença, na maioria das vezes, já avançada. A mortalidade do câncer de mama chega a quase 13 mil por ano.

Segundo Maira Caleffi é preciso uma capacitação dos profissionais e agentes de saúde e programas de conscientização sobre o auto-exame, principalmente nas comunidades mais pobres:

- Queremos prevenir e podemos prevenir e mudar o que é curável. Muitas pessoas são atingidas indiretamente pelo câncer. Familiares sofrem junto. (...) Precisamos de trabalhos nas comunidades, porque, atualmente, a pobreza está relacionada com o câncer de mama, disse.

O FEMAMA trata as mulheres que venceram o câncer de mama como vitoriosas. Berenice Pinto, gaúcha, de 46 anos, é uma delas. A doença foi diagnosticada há exatamente dois anos e oito meses atrás, mas, graças a detecção precoce, ela está totalmente curada.

- Sou vitoriosa porque, graças a Deus, tive um diagnóstico bem feito de um câncer em estágio inicial. Tive um câncer de 0,5 milímetros, diagnosticado em uma mamografia digital e é por isso que é importante fazer o exame. Por ser um câncer pequeno, não precisei fazer quimioterapia, disse Berenice, que hoje participa da FEMAMA e do Instituto da Mama, o IMAMA, no Rio Grande do Sul.

Para participar do projeto ou fazer doações, basta acessar o site http://www.femama.org.br/novo/

* Fotos: Raquel Araujo

terça-feira, 5 de outubro de 2010

FESTIVAL DO RIO

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TRAMPOLIM DO FORTE

O filme Trampolim do forte, que conta a história de crianças à margem da sociedade, foi exibido no Cine Encontro na quinta-feira, 30, e teve a participação no debate, logo em seguida, de grande parte dos envolvidos.
Os preparadores de elenco fizeram 400 testes e pré-selecionaram 45 crianças. Os escolhidos fizeram parte da escola Trampolim das Artes, fundada por causa do filme. A única que fugiu à regra foi a atriz Laís Duarte, que viveu a Flor, encontrada em um ponto de ônibus. A produtora Lia Mattos disse que os preparadores quiseram deixar as crianças a par de todo o filme: “A nossa preocupação maior era que os meninos entendessem a história e o processo de realização”, diz.
Houve realmente por parte das crianças o entendimento de Trampolim do forte. Tanto Laís quanto Everton Machado, que viveu o menino de rua Fuleirinho, disseram que os dramas dos seus personagens são um problema da sociedade. “Fuleirinho não é daquele jeito porque ele quer. A sociedade o transformou em uma bomba-relógio”, reflete Everton. Já a menina diz que a prostituição, drama vivido pela sua personagem, deve ser olhada com outros olhos: “Elas não têm família. A Flor representa milhares de meninas que vivem por aí”, diz.
A maneira da filmagem foi adotada pelo tipo de cena que é feita: “Pensamos assim: tudo que fosse saltar seria filmado de maneira precisa e o que fosse viver imprecisa”, revela o diretor.
O jornalista e crítico de cinema Mário Abbade, mediador do debate, questionou se o trampolim é o lúdico o diretor João Rodrigo de Mattos respondeu que remete a infância: “O trampolim é o lugar em que as crianças se encontram para fugir da realidade ruim”, comenta. E ao dizer o que representa o filme, João Rodrigo é enfático: “Para mim é um filme sobre a importância da infância”.

sábado, 2 de outubro de 2010

FESTIVAL DO RIO

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RISCADO

O filme Riscado, de Gustavo Pizzi, foi exibido no Cine Encontro no domingo, 26, e teve a participação de parte da equipe. Pizzi antes de o filme começar discursou e chamou a equipe para parabenizá-los. O filme conta a história de uma atriz que estava com a carreira estagnada, até que conhece um diretor francês que resolve fazer um filme sobre a vida dela e com a atriz como protagonista. O longa foge do comum quando deixa de lado o final feliz da protagonista e a torna apenas uma peça no meio. Ela é uma figurante da própria história.
Logo após a exibição, às 17h, foi feito um debate com o diretor do filme, os produtores Cavi Borges e Daniela Santos, a atriz principal e roteirista Karine Teles e o ator, que interpretou o diretor, Dany Roland. A mediação ficou por conta do jornalista e crítico de cinema Mário Abbade.
A atriz que fez o roteiro, Karine Teles, disse que a sorte foi a questão central do filme: “O filme é baseado nas experiências pessoais, a sorte e a falta de sorte, as pessoas se identificam com a situação”, diz. Outro ponto importante no longa é que os atores se desprenderam do texto, ensaiaram muito e na hora de gravar já viviam aquilo, como o ator Dany Roland sintetizou eles fizeram uma “não-representação”: “Eu poderia ter feito um diretor carrasco, seria muito óbvio. Mas o que valia era a situação real que estava acontecendo”, disse Roland.
Outro detalhe importante, segundo o diretor Gustavo Pizzi, foi toda a equipe estar sabendo de tudo que estava passando no filme: “Eu inclusive pedia a colaboração de todos da equipe para ficar em silêncio, sentir a cena”, afirma o diretor. O produtor Cavi complementou que “quanto mais as necessidades aparecendo, apareciam mais amigos”.

domingo, 15 de agosto de 2010

Grande nanico

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Plínio de Arruda Sampaio. Você conhece esse nome? Mas será que conhecia antes do debate dos candidatos a presidência na Band? Sim, Plínio e mais cinco candidatos fazem parte dos candidatos nanicos, que ninguém conhece nem vota. Vale dizer quem são eles: Ivan Pinheiro (PCB), Levy Fidelix (PRTB), Eymael (PSDC), Zé Maria (PSTU) e Rui Costa Pimenta (PCO).
Bem, antes era assim, pelo menos. Depois do sucesso do debate com suas tiradas engraçadas e protestos por ser o excluído do quarteto, composto também pelos favoritos Dilma Roussef, José Serra e Marina Silva, Plínio foi o nome mais comentado do Twitter na noite do debate e no dia posterior a ele.
Sempre bem-humorado no debate Caminhos do Brasil na PUC-Rio, dia 12, não foi diferente. Plínio, que adora twittar, reforçou a importância do site: "Quem é inteligente no Brasl tem que twittar e seguir o meu Twitter", diverte-se.
Com 80 anos, o promotor público aposentado se mostra confiante que pode mudar o que os números apontam, acha q pode ser presidente ou ao menos ter um número grande de votos: "Ah que vamos dar um susto neles vamos", afirma.
O candidato é um tanto quanto radical, não podemos negar, mas essa é a nuance do partido dele, o Psol, então não podia ser diferente. Uma das propostas ousadas defendidas por Plínio é a divisão de terras: "Nenhuma propriedade deve ter mais de 1000 hectares. Especialistas dizem que pequenas propriedades são mais construtivas", defendeu.
A campanha de Plínio está toda calcada em acabar com as desigualdades sociais. No debate da Band ele citou que estava ali a desiguladade quando os outros candidatos o excluíam das perguntas. Pelo menos a desigualdade entre ele e os candidatos foram um pouco diminuídas, Marina resolveu fazer uma pergunta a ele e depois de insistência na rede social a Globo ofereceu horário para Plínio no Jornal Nacional, com menos tempo e gravado, mas para um até então excluído um avanço.
- Eu disse umas coisas no debate que chocaram. 'Nossa o homem é um perigo público.' Minha candidatura era escondida.
Outra proposta do candidato é diminuir a jornada de trabalho sem a redução de custos. Para ele isso reduziria o desemprego, pois mais pessoas seriam contratadas para suprir os horários vagos e com mais gente trabalhando o dinheiro iria circular mais. Mas nem só por isso Plínio acha por bem a redução de horas: "Na idade de vocês eu pensava em estudar, dançar, beber (um pouquinho), não pensava em trabalhar".
Quando são feitas perguntas polêmicas ao candidato as repostas são mais polêmicas ainda. Plínio é contra o aborto por ser católico, mas acha que é direito da mulher decidir se quer ter o filho ou não. Ele defende a legalização do aborto (seu partido ainda não teve posição oficial) mas só em casos em que o juiz decidir por isso. Plínio também pretende reconhecer os produtores de maconha: "Reconhecemos produtores de cana...Baseadinho não faz mal para ninguém. Ó nunca fumei isso não..."

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Todo o Amor que Houver Nessa Vida

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Há coisa de uns 4 meses, mergulhei num mundo diferente. Para fazer uma matéria para a faculdade, começei a pesquisar sobre a vida de Cazuza e me apaixonei. Vi filmes, videos, ouvi todas as músicas possiveis, li livros, li artigos. Com músicas maravilhosas e com uma enorme coragem, Cazuza morreu, sim, mas continua vivo na lembrança de todos nós. A matéria que segue é de minha autoria. É a junção de duas matérias que fiz para as disciplinas de Radiojornalismo e Técnicas de Reportagem do meu curso de Jornalismo.



TODO O AMOR QUE HOUVER NESSA VIDA

Vida louca, Vida Breve
Já que eu não posso te levar
Quero que você me leve


No inicio dos anos 80, um típico morador da zona sul carioca, surgia para revolucionar o rock brasileiro. Hoje completam 20 anos da morte daquele que ficou conhecido como “o poeta de sua geração”. Com nome antigo e apelido de menino, Agenor de Miranda Araujo Neto, o Cazuza, teve uma vida breve, mas intensa.

Seus pais, o produtor musical e fundador da Som Livre, João Araújo e a cantora Lucinha Araújo, sempre deram o melhor ao filho único. Já adulto, Cazuza tornou-se um assíduo frequentador do baixo Leblon. Com fama de boêmio e sem papas na língua, o cantor estava sempre na mídia. O temperamento forte é destacado pela mãe, Lucinha Araujo, com quem Cazuza brigava, mas ligo fazia as pazes.


- Nossa relação pegava fogo, éramos do signo de fogo, né? Principalmente naquela época de adolescente, entrando na adolescência. Mas a gente brigava e 10 minutos depois fazíamos as pazes e estava tudo bem. Nós nos amávamos muito. Eu acho isso saudável numa relação de mãe e filho.

A carreira de Cazuza começou no Barão Vermelho, ao lado de Roberto Frejat. Com a chegada de Cazuza, o grupo que só tocava covers, começou a compor e a preparar o próprio repertório. A voz de Cazuza era berrada, o que se encaixava a proposta rock dos Barões.

As semelhanças entre Cazuza e Frejat eram inúmeras e a afinidade apareceu instantaneamente. Mais que colegas de grupo, eles tornaram-se parceiros na vida. Essa parceria duraria até os últimos dias de Cazuza. Juntos, os dois compuseram músicas como Todo o Amor que Houver Nessa Vida, Maior Abandonado e Pro Dia Nascer Feliz.

Com o sucesso, e consequentemente, as responsabilidades aumentaram e infelizmente o temperamento inquieto de Cazuza não se enquadrava a uma agenda cada vez mais cheia. Assim, os desentendimentos entre cantor e os demais Barões foram crescendo.

Depois de uma bem sucedida apresentação no festival Rock in Rio e com o repertório pronto para o próximo disco, Cazuza decidiu deixar o grupo e seguir carreira solo.
O título de poeta não é à toa. Ele cantava que os heróis dele morreram de overdose, dizia que mentiras sinceras interessavam, gostava de raspas e restos e buscava uma ideologia para viver.

Exagerado é para Lucinha Araujo, a música que melhor retrata o filho.


E por você eu largo tudo
Carreira, dinheiro, canudo
Até as coisas mais banais
Pra mim é tudo ou nunca mais


“Eu vi a Cara da morte”

Na mesma época do rompimento do Barão, o cantor foi internado no Hospital São Lucas com uma febre de 42 graus, naquela que seria a primeira manifestação do HIV em seu organismo. Mas o teste deu negativo.

A saúde de Cazuza voltaria a oscilar um pouco antes da estréia do show Só se for a Dois. E após um novo teste veio a descoberta que mudaria a vida do cantor: Cazuza era soro-positivo.

- A AIDS é uma doença que atinge não só a família, ela atinge também os vizinhos, as pessoas que te conhecem, os familiares mais distantes, explica Lucinha.

Levado pelos pais para uma clínica em Boston, nos Estados Unidos, Cazuza passou dois meses em tratamento, naquele ano de 87. Ele voltou da viagem ao exterior, magro, abatido pela doença e passou a usar lenços para disfarçar a queda de cabelo.

Já no final de sua vida, Cazuza enfrentava dificuldades para andar e convivia com um cateter, usado para ajudá-lo a receber os remédios diretamente na veia. Sua voz era fraca; os olhos, fundos e chegou a pesar 38kg. Mesmo assim, teve forças para realizar um sonho antigo: ser capa de revista. A proposta foi da Veja: ou páginas amarelas, ou capa. Cazuza escolheu a capa. O resultado da entrevista, porém, não foi o esperado. Uma editorialização no final da matéria, colocava em dúvida o potencial do cantor e sentenciava a sua morte. Como reflexo da leitura da matéria, Cazuza teve uma nova crise, sua pressão baixou beirando a zero e seus pais temeram por sua vida.

Na busca por tratamento, após ter o visto negado diante da confirmação da doença, Cazuza passou por métodos alternativos em São Paulo. Apesar de uma melhora diante desse novo tratamento experimental, não havia muito a ser feito. Cazuza ainda iria mais uma vez a Boston, depois de uma grave crise e de um apelo da família ao consulado americano.

Cazuza pegou o “trem para as estrelas” em 7 de julho de 1990, aos 32 anos, deixando muita saudade e um legado para os fãs. Em 8 anos de carreira, deixou 126 músicas gravadas, 60 inéditas e 34 na voz de outros cantores. Seu último registro musical foi o disco duplo Burguesia. Para Lucinha, a imagem que ficou do filho foi a de uma pessoa que sempre fez o que quis.

- Ele sempre dizia: prefiro viver 10 anos a 1000 que 1000 anos a 10, e ele conseguiu fazer isso. Pagou um preço muito alto, mas eu acho que talvez tenha valido a pena. Porque ele viveu só 32 anos, eu vivo a 73 e não fiz nem 1% do que ele fez.
Cazuza está enterrado no cemitério São João Batista, ao lado de grandes nomes da música brasileira como Carmen Miranda, Ary Barroso, Francisco Alves e Clara Nunes.


“E algum remédio que me dê alegria”

Outro legado do cantor é a Instituição que leva o seu nome. No mesmo ano da morte de Cazuza, em 1990, Lucinha fundou o Viva Cazuza, obra destinada a cuidar de crianças carentes soro-positivas.

Tudo começou após um show beneficente em homenagem ao cantor com fundos revestidos para o Hospital Gaffré e Guinle, na Tijuca. Atendendo aos pedidos dos diretores da unidade, Lucinha começou a trabalhar lá.

Diante da burocracia, Lucinha deixou o local dois anos depois e transferiu a Sociedade para a Rua Pinheiro Machado, em Laranjeiras, onde funciona até hoje. A Instituição sobrevive, basicamente, dos direitos autorais de Cazuza, o restante é adquirido através de doações, leilões, shows e eventos.

Hoje, a sociedade abriga 20 crianças com idades entre 3 e 18 anos, em regime de internato e conta com o apoio de médicos e educadores.

- Eu acho que eu fiz a coisa certa. Em vez de ir para um analista, resolvi abrir a Sociedade Viva Cazuza porque ao mesmo tempo em que eu me completo com a felicidade das crianças, e criança é sempre muito feliz mesmo com essa doença, eu sou boa pra eles. Então, aqui é uma troca, explica.

Paralelamente, a Instituição também atende adultos, oferecendo cestas básicas e acompanhamento ambulatorial.

Na Sociedade, funciona um pequeno acervo com objetos pessoais de Cazuza como escovas de cabelo, bandanas, óculos escuros e a escrivaninha que o cantor tinha em seu quarto.

Quem quiser ajudar a Sociedade, basta entrar no site www.vivacazuza.org.br


Morre Ezequiel Neves

Ezequiel Neves, o Zeca, morreu nessa quarta feira, 7 de julho, na Clínica São Vicente, na Gávea, o mesmo dia em que Cazuza. Zeca era produtor musical e jornalista. Ele ajudou Cazuza em sua carreira musical e tornaram-se grandes amigos.
Aos 72 anos, Zeca estava internado na clínica desde o dia 22 de janeiro para um tratamento de um tumor benigno no cérebro. A causa da morte foi falência múltipla dos órgãos.
 

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